terça-feira, 9 de outubro de 2012

DESTAQUES


Em coluna na Folha de S.PauloJânio de Freitas ironiza a “coincidência precisa” entre o julgamento de José Dirceu e José Genoino no STF e a reta final das eleições.

Ele sugere que o calendário do Supremo acabou sendo ajustado às pressas para coincidir com a disputa eleitoral.


“Se e como o julgamento do mensalão influiu no primeiro turno das eleições, será ainda discutido por algumas semanas. Mas, para o segundo turno, parece sob medida para a agressividade de José Serra, na disputa com que São Paulo anima estas eleições” 


Por Jânio de Freitas, na Folha de S.Paulo

Deu exatinho: na última sessão de julgamento antes das eleições, José Dirceu e José Genoíno em pauta para receber condenações.

O ministro Ayres Britto e seu antecessor na presidência do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, sempre guardiães do princípio do apartidarismo no Judiciário, não contariam com a coincidência precisa quando articulado o início, um tanto às pressas, da agenda para o julgamento.

Na ocasião, não custa lembrar, a pressa e a consequente pressão sobre o ministro revisor, para dar a revisão por concluída, justificaram-se com a coleta de um voto inicial de Peluso, que logo se aposentadoria.

Voto em item secundário do processo e sem influência no julgamento, mas satisfatório para Peluso e proveitoso para o tribunal.

Se e como o julgamento do mensalão influiu no primeiro turno das eleições, será ainda discutido por algumas semanas.

Mas, para o segundo turno, parece sob medida para a agressividade de José Serra, na disputa com que São Paulo anima estas eleições.

A propósito, a Polícia Federal ainda não deu sua colaboração à disputa, como fez em duas eleições anteriores. Não só por isso, a situação mais original não se deu em São Paulo, e está à margem da pinimba PSDB-PT, com ou sem PF.

O PSB é o partido que pode se considerar vitorioso político nas eleições em geral, e para tanto contribui muito a reeleição imediata de Márcio Lacerda como prefeito de Belo Horizonte.

Houve aí o êxito consagrador também do patrono de Lacerda: Aécio Neves se fortaleceu, como aspirante do PSDB à eleição presidencial de 2014, contrapondo-se a Lula, Dilma Rousseff e ao PT para eleger o candidato do PSB.

Com isso, porém, a vitória do PSB tem uma face de derrota, porque seu presidente, o governador pernambucano Eduardo Campos, é o potencial adversário do fortalecido Aécio Neves na aspiração de derrotar Dilma.

Em termos aritméticos, incluída a contagem de vereadores, o PMDB confirma-se como a força incomparável em âmbito nacional e como fenômeno político, pela incapacidade de transformar tamanha força em conquista do poder central.

Sem as decisões do segundo turno em 17 capitais, sempre sujeitas a reviravoltas, ainda não há um quadro da distribuição de forças estaduais e de sua possível influência até 2014, que é o aspecto de maior interesse político para as regiões e no plano federal.

Ainda assim, no varejo impressionam a ocorrência de uma só conquista do PT em primeiro turno de capital, na Goiânia onde nunca fora forte, e a acentuação do seu refluxo em Porto Alegre.

Acarinhados pela chegada de José Serra ao segundo turno, os meios de comunicação brasileiros sofreram, no entanto, uma derrota eleitoral: Hugo Chávez se reelegeu na Venezuela.

Mas logo mais há mensalão outra vez.

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