quarta-feira, 13 de março de 2013

Referendo nas Malvinas: Uma farsa


Por José Dirceu

Afundado na impopularidade e na recessão britânica, com o desemprego aumentando, o primeiro-ministro David Cameron vive buscando factoides. O primeiro foi o referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia. Agora, mira de novo um referendo – uma farsa –, o das Malvinas.


Cameron pediu que a Argentina respeite o resultado segundo qual os pouco mais de 1,6 mil eleitores registrados no arquipélago manifestaram-se favoravelmente à permanência das Malvinas sob o governo britânico.


Ora, poucas centenas de eleitores que vivem nas Malvinas foram às urnas para decidir o que as armas impuseram há 30 anos: a ocupação ilegal das ilhas argentinas, cuja soberania não tem como ser contestada pela Grã Bretanha. A não ser pelas armas e por essa farsa eleitoral.


A presidenta Cristina Kircnher já declarou que a consulta foi uma "paródia". Para o governo, o referendo foi ilegal e nada vai mudar a reivindicação argentina pela soberania das Malvinas.



A embaixadora da Argentina em Londres, Alícia Castro, acrescentou que o referendo é uma jogada publicitária de Cameron. É bom lembrar que esse referendo não foi convocado pela ONU e nem teve sua aprovação ou supervisão - diferentemente do que ocorreu em outros casos de colonização.


A embaixadora foi lúcida em sua avaliação: "Eles [moradores das Malvinas] são britânicos e a lei britânica os reconhece como tais. A Argentina não tenta mudar sua identidade e seu modo de vida, mas o território que habitam não é britânico. E, portanto, eles não têm o direito de decidir sobre o destino de nosso território ou resolver a controvérsia de soberania com um referendo".

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