quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Estadão "fura" com notícia requentada


A manchete do Estadão é um furo. 

Mas pela metade. “Valério depõe ao MPF e cita Lula, Palocci e Celso Daniel”, diz a manchete do jornal. Ricardo Brito e Fausto Macedo baseiam-se em relatos de investigadores. 

Mas estes não contam o que Marcos Valério teria falado, com detalhes.

O jornal tenta esquentar o que pode ser, segundo o próprio MPF, apenas um blefe. Fala no título interno em “novo depoimento”, para o depoimento feito no fim de setembro.

“O novo depoimento pode ser, na avaliação de procuradores, mais uma manobra estratégica a fim de ele tentar se livrar da severa punição imposta pelo STF”, diz o texto.
Os repórteres contam que o empresário sempre foi visto pelos procuradores como um “jogador”. Ele já tinha proposto a Antonio Fernando de Sousa um acordo de delação, “mas, sem apresentar novidades, o pedido foi recusado”.

Gurgel afirma que Valério, se queria auxiliar a investigação, deveria ter se manifestado há mais de um ano, quando a instrução estava em aberto. Mas juízes ouvidos pelo jornal dizem que novas revelações podem até tirar o delator da cadeia.

O advogado de Antonio Palocci classifica a menção de “insanidade”. Lula não vai falar sobre o tema por desconhecer o conteúdo das declarações. O jornal diz no fim do texto que os “novos relatos” não terão efeito imediato na ação do mensalão. “As penas continuarão a ser aplicadas”.

ANÁLISE: o Estadão sabe que há grandes chances de ser blefe, mas o banca. 

Isso não aconteceria envolvendo outros assuntos. E por que o jornal dá manchete, então? Para grudar o nome de Lula ao mensalão.

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