segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Tudo pronto: O PIG ja condenou, precisa só da assinatura do Barbosa
As fotos de Zé Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares no Correio Braziliense dizem muito a respeito da disposição midiática em relação aos políticos que, dizem todos os jornais, serão julgados esta semana, acusados de comprar apoio no Congresso.
Eles aparecem com expressões desagradáveis, contrariadas.
Não é diferente a opção visual da matéria do Estadão – ainda que com menos ênfase que o Correio.
Não se trata de coincidência ou de fato menor: as escolhas visuais atingem diretamente o leitor, e não necessariamente de modo racional.
São determinantes para se construir os personagens, entre heróis e vilões – em se tratando de uma grande narrativa, muito longe de ser apenas técnica, e sim novelesca.
Nos textos, o do Estadão é um dos que têm maior relevância, por detalhar a linha de argumentação de Joaquim Barbosa em relação a Dirceu.
- Barbosa vai construir seu voto destacando a ascendência de Dirceu sobre o grupo. Vai demonstrar o papel do ex-ministro na montagem da base de apoio ao governo Lula e sua posição de superioridade em relação aos dirigentes petistas. Destacará os encontros mantidos por Dirceu com outros réus (...) já condenados em outros capítulos.
Note-se que os jornais já dão como favas contadas que os três políticos serão condenados. Com um mínimo de dúvida em relação às penas para José Genoino. E que, diante disso, avançam o sinal em relação a quem não é réu: Luiz Inácio Lula da Silva.
Isto fica claro no editorial do próprio Estadão. O jornal faz um texto (muito bem escrito) intitulado “A absolvição da política”, com uma construção complexa. A ideia é dizer que nem todos os políticos são iguais. E, em meio a essa mensagem (que poucos contestarão), embutir o próprio Lula num rol de políticos envolvidos com ilícitos.
Vejamos:
- Com isso, ficará assente de uma vez por todas que o mensalão não foi um acerto espúrio entre partidos, mas a expressão de uma política deliberada do governo Lula.
Curioso notar que, em artigo na Folha, Joaquim Falcão (professor de direito constitucional da FGV-Rio) explica que, pelo Direito Penal, os corruptores são indivíduos. “Não pode ser o Partido dos Trabalhadores”, afirma.
Com discursos legalistas (quando convém), os jornais não se acanham de condenar, por corrupção ativa, um governo e seu presidente – mesmo que este não seja réu.
Observe-se, por exemplo, o destaque dado pelo Painel (seção Tiroteio) a frase de Alberto Goldman: “O STF está provando que Lula montou uma quadrilha”.
Ou a repercussão com destaque, na própria Folha (e no blog de Ricardo Noblat), de frase de José Serra: “Aqui não tem padrinho. O último filme que vi com esse título é dos anos 70, ‘O Poderoso Chefão’”.
Análise:
O jogo está pesado na reta final do primeiro turno.
Mas o processo de desconstrução da imagem de Lula mira mais além.
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