terça-feira, 9 de outubro de 2012

Analise da Mídia - 09.10.2012


O Estado de S.Paulo confirma hoje estar a serviço de José Serra – como tem sido nas últimas eleições. 
Sua manchete principal relega ao segundo plano os principais assuntos políticos – o resultado consolidado das eleições e a nova configuração partidária desenhada pelo eleitor – para investir no “mensalão”. Assunto que, diga-se, voltou a ser citado pelo candidato do PSDB em todas as entrevistas que concedeu ontem.   

Além da inversão de valores jornalísticos, recorre a “um interlocutor direto da presidente” para repetir informação de agosto passado sobre o distanciamento que o Palácio do Planalto vem mantendo desde o início do julgamento no STF – qual seja, o respeito à independência entre os três Poderes. A esse comportamento republicano, o jornal traduz como “blindagem”. Aponta-se, ainda, além de repetir informação já divulgada no início de agosto, a discrição dos ministros é uma norma exigida pela presidenta desde o início de seu governo.
Correio Braziliense também leva o “ mensalão” para a manchete, mas limita a inclusão do tema como fator “que esquenta o segundo turno”.

Outra diferença subliminar reside no verbo empregado nos títulos que se referem ao julgamento. 
O Globo corrige indução que já cometeu durante o julgamento, abolindo o uso do verbo “dever” na previsão de condenações do processo. 
Hoje, o jornal traz que “Dirceu pode ser condenado hoje”; o Estado, ao contrário, usa  verbo três vezes no seu texto de capa: “Ex-ministro deve ser condenado hoje por corrupção”; “O ex-ministro da Casa Civil deve ser condenado”; e “Três dos dez ministros do STF já condenaram Dirceu e devem ser acompanhados pelos colegas”.  
O engajamento da mídia ao aproximar as eleições ao julgamento é denunciado hoje na coluna de Jânio de Freitas. Recomenda-se a leitura.

Ainda na avaliação do resultado das urnas, O Globo  deixa – pela primeira vez, em uma semana – de reproduzir declarações do professor Marco Antonio Villa, do PSDB, que, junto com Merval Pereira, escreveram às vésperas das eleições que a influência de Lula no pleito seria próxima de zero – previsão desmentida pelas urnas.  
Ao contrário do que ambos previram, o PT teve o segundo maior crescimento em número de prefeituras conquistadas, perdendo apenas para o PSB, protagonista de todas as reportagens que se dedicam a apresentar os balanços das urnas.

O governador Eduardo Campos também é protagonista nessas reportagens. Sua ascensão como personagem importante nas eleições presidenciais alimentam diversas especulações sobre sua eventual participação contra Dilma em 2014, em união com Aécio Neves, quase sempre como candidato a vice-presidente. Tais interpretações omitem suas frequentes e recentes declarações de que seu partido não cogita se opôr à reeleição da presidenta – adiando a decisão do PSB ter candidato próprio ao Planalto para 2018.

A antecipação é cogitada no caso de a situação econômica do País agravar-se com o recrudescimento da crise global. A propósito, não seria surpresa se, hoje, Serra empregar previsão do FMI de que a economia do Brasil terá crescimento médio abaixo da média lobal e dos países que compõem o Brics.

Além do “mensalão”, Serra, que garantiu uma “campanha bem humorada” no segundo turno, repete estratégia da última eleição que perdeu para a Presidência, acionando líderes evangélicos. O pastor Silas Malafaia já entrou em ação, viajando para São Paulo para atacar Haddad.   

Por fim, destacam-se, ainda, declarações do senador Lindbergh Farias dizendo que não abre mão de sua candidatura ao governo do Estado do Rio, em resposta a questionamentos originados do encontro, ocorrido ontem, entre a presidenta Dilma, Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão.

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