247 – Joaquim Barbosa para presidente! É o berro que salta da capa da revista Veja desta semana, sobre “o menino pobre” que relatou a Ação Penal 470 e será lembrado como o responsável por colocar o PT na cadeia. José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, José Genoino, ex-presidente do PT, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, estão prestes a ser condenados. Nas próximas sessões do Supremo Tribunal Federal, o “vingador” Joaquim Barbosa defenderá que os três sejam presos ao fim do processso. Também nesta semana, ele pode se tornar presidente da corte, caso prevaleça a tradição da casa, que prevê a entrega do comando ao ministro mais antigo, que ainda não tenha sido presidente.
Chamado de “nosso Batman” nas redes sociais, Joaquim Barbosa é o herói quase perfeito. Talvez, o único capaz de rivalizar com o ex-presidente Lula no que diz respeito às possibilidades de mistificação. Barbosa tem origem tão ou mais humilde do que a do ex-presidente, mas ascendeu graças ao estudo. Graduou-se, fez doutorado fora do País e está prestes a assumir um dos três poderes da República. Um símbolo, portanto, da chamada “meritocracia”, uma palavra tão em voga ultimamente.
No STF, Barbosa agiu de maneira implacável – e ainda que seus métodos e a consistência de seus argumentos sejam questionados, ele é sucesso inegável de público. Nas redes sociais, ele é o “nosso Batman”, super-herói responsável por colocar à beira da prisão aquele que era tido como o “capitão do time” de Lula. E mesmo seus defeitos, como a intolerância e a postura irritadiça diante dos colegas, podem ser tratados como virtudes. No país do homem cordial e conciliador, Barbosa seria o juiz intransigente diante da corrupção. E que costuma ser aplaudido em bares e restaurantes, como o Bracarense, no Rio de Janeiro.
O risco dessa operação editorial, no entanto, é a desmoralização completa do próprio Supremo Tribunal Federal. Se Joaquim Barbosa vier a abraçar um projeto político, o próprio julgamento da Ação Penal 470 poderá vir a ser considerado no futuro como um julgamento político – e não técnico. Aliás, Batman era um justiceiro que agia fora da lei. E por isso mesmo era sempre mandado de volta para a caverna
Para Veja, no entanto, pouco importa. Na sua cruzada contra o PT, o que vale é encontrar o presidenciável que seja capaz de derrotar um projeto político que, até recentemente, era tido como hegemônico. No passado, Veja lançou o “caçador de marajás” e o final da história é conhecido. Agora, acaba de nascer o “caçador de petralhas”.
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