São Paulo - O jornalista Bob Fernandes afirmou ontem à noite, em seu comentário para o Jornal da Gazeta, da TV Gazeta, que não existe coincidência no fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) estar julgando o ex-ministro José Dirceu a três dias das eleições municipais. “Isso não é obra do acaso, do destino. Essa decisão, a do 'quando' julgar, é, foi uma decisão política”, diz Fernandes.
Segundo ele, essa decisão foi tomada por quem "tem e maneja mais poder e influência no Supremo Tribunal".
Assista ao vídeo:
Abaixo, a íntegra do comentário:
Dois assuntos estão nas manchetes. Estão nas manchetes há dois meses: as eleições municipais e o julgamento do chamado "Mensalão". Nesta decisiva semana das eleições começou o julgamento do "núcleo político" desse escândalo. Nesta quarta-feira, 3, entrou em pauta o julgamento de José Dirceu. Fato de enorme impacto. Fato com um impacto tão grande que quase não se admite quem queira percebê-lo nos seus vários ângulos, antecedentes e consequências.
Não há coincidência alguma no julgamento do "Mensalão" e as eleições se darem, milimetricamente, ao mesmo tempo. Há uma decisão. Decisão que é política. Tribunais são técnicos, mas são também "políticos" no sentido mais amplo da palavra. Não há coincidência em se julgar José Dirceu três, dois dias antes das eleições. Isso não é obra do acaso, do destino. Essa decisão, a do "quando" julgar, é, foi uma decisão política.
A culpa ou não de José Dirceu é algo que os juízes irão decretar. O relator, Joaquim Barbosa, já decretou a culpa. Quando os juízes decretarem, cumpra-se o que for decidido.
Os juízes do Supremo estão votando como acham que devem votar. Não há porque afirmar que seus votos são todos "políticos". Até porque a maioria dos juízes, oito deles, foi indicada por Lula e Dilma. E é essa maioria de juízes indicados na era Lula/Dilma que está votando pela condenação de réus do PT.
Os juízes estão condenando por entenderem que crimes foram cometidos. Pode-se discutir se os crimes foram esses ou aqueles, mas não há como negar tantos dos fatos. E o julgamento é sobre os fatos. Outro fato é esse, o não existir coincidência entre as datas do julgamento e das eleições. Isso foi uma escolha. Foi uma decisão, que é política, de quem tem e maneja mais poder e influência no Supremo Tribunal.
Para usar um lugar comum, esse julgamento quebra um paradigma: tendo acontecido o que está acontecendo, partidos e políticos não serão mais "julgados" apenas pela mídia; haverá dificuldades -ou menos facilidades, porque vai pegar mal- para se impor quem deve ser "julgado" e quem deve ser "poupado". Estará aberta a porteira.
Alguns dos juízes do Supremo já discutem, especulam sobre qual será o próximo grande "julgamento político".
Inevitável que se busque examinar o chamado "mensalão do PSDB" antes que ele prescreva. Mas esse não será julgado em ano eleitoral. E o problema político maior, no caso, será para o PSDB de Minas. Um processo com foco em Minas e, mais ainda, a depender do resultado das eleições em São Paulo, recolocará o debate interno do PSDB em relação a 2014.
Esse, de Minas, não é o único grande julgamento de políticos germinando. Com poder e influência no Supremo, há quem aposte e já insinue um outro grande alvo. Alvo decorrente desse julgamento agora em andamento… É anotar e aguardar.
Esse é um tempo de julgamentos, e de eleições. Em São Paulo, reta final emboladíssima. Segundo a pesquisa Datafolha, Russomanno cai muito, de 30% para 25% e, tecnicamente, Serra, com 23%, alcança-o no primeiro lugar. Haddad, 19%, segue na luta pelo segundo lugar. E Chalita, 11%, sobe mais um pouco e busca correr por fora nessa disputa pelo segundo turno.
Disputa, pelo segundo lugar e segundo turno, que pode ser decidida por diferença de uns 200 mil votos. Enquanto isso, há quatro dias das eleições, 61% dos eleitores de São Paulo ainda não sabem em quem irão votar para vereador.
Durma-se com tal eleitorado, e com a câmara de vereadores que está a caminho.
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